QUARTA-FEIRA DE CINZAS

Estarei morto na quarta-feira de cinzas

inadequadas

como a cirrose das beatas,

e deixados de lado os que chafurdam,

sopro a estrelas da minha lida,

descrente

no amor escriturado nos cartórios

que tabelam a alma

Rabiscarei no corpo

com a navalha da usura

o testamento

de quem viu a poesia

na lápide dos vagabundos místicos,

quando não mais o sol carrega

a benevolência no tridente de anjo marinho,

quando apenas o roubo interessa ao bispo,

pois amor que te coloco aos pés

é da brasa que nunca apaga

porque pinga rubi,

e que me dá o cão do corpo

p'ra cuidar da tua alma,

pois na ceia da carne

encontrei a viagem