A AURORA DO PENSAMENTO (de "O Plasma")

Os vampiros estão à solta,

ruídos selvagens no ar,

o céu de ouro e aço,

explosões de luz,

pedaços de luz:

esquizofrenia,

o corpo fora do corpo,

a mente fora da mente.

A Noite me traz

um Visitante Estranho,

mero produto

dos meus sonhos loucos

e das minhas criações fantásticas.

Salamandras se deslocam

lentamente

através da minha mente:

esquizofrenia,

o corpo fora do corpo,

a mente fora da mente.

Planetas e meteoros

chocam-se sobre os Abismos

e levantam imensas nuvens

de pó reluzente.

Trovões escurecem os mundos.

Seres incríveis,

rostos decompostos,

a pele retesada e comprimida,

esquizofrenia,

o corpo fora do corpo,

a mente fora da mente.

As estruturas polifônicas

da pele humana,

rolos de metal derretido,

bolas incandescentes

de um calor infernal.

Dardos faiscantes,

redemoinhos de chamas e lavas,

blocos gigantescos de matéria

e eletricidade —

todo um fantástico universo bioquímico

de morte e destruição.

Montanhas imensas de energia

se desmantelando no Infinito,

rugindo estertores horrendos

no meio do Caos.

Um homem,

um único homem,

rugindo estertores horrendos

no meio do Caos.

Gigantescas vagas de plasma

varrendo os mundos,

arrastando milhões e milhões

de planetóides disformes

com a sua fúria tempestuosa.

Dedos de fogo,

comprimidos

contra as paredes do Universo,

línguas ardentes

que se esticam

e se dilatam,

enrijecendo a pele dos mundos.

O sono dos deuses

deve ser sereno e exato.

Quando tudo for quietude,

virei a ti.

Protegido pela calada da Noite,

virei a ti.

E então

juntos

cruzaremos

os Portais do Tempo,

livres do incômodo

e do medo:

dois seres

de uma mesma raça

dois super-seres

de uma mesma raça.