- Eu queria te dizer que
- Eu te desejo:
- não com esta fúria sensual de que
- falam os poetas maiores.
- Não, amor, eu te quero mansamente como um poeta menor
- que vive amedrontado com a idéia de te ferir.
- Claro que, por vezes, me assalta um desejo tão forte
- de ti, amada, que chega a me doer o corpo e a alma.
- Mas penso no teu sorriso ingênuo e
- meus ímpetos são só de ser doce e terno.
- Me quero suave como o sol da madrugada que penetra
- os grandes lábios da rosa para torná-la
- a mais bela, porque a mais bem amada.
- É isto amor: te quero a mais bem amada.
- E daí, esta vontade imensa de te querer com ternura.
- Honrar a meiguice que vejo em ti cada vez que falamos e
- disfarçamos nossos desejos de amor.
- Esta ternura que sinto nascer como uma flor silvestre,
- linda, discreta, resistente,forte.
- E depois de tanto perseguir palavras para te dizer
- tudo de meu amor,
- acabo murmurando a medo, num sussurro baixinho,
- num segredo:
- eu gosto tanto tanto de você.