Senhora das Letras

Sobre a mesa

O tinteiro a apoia a pena

De fronte a folha ainda descalça,

Mas inebriada aos sinos soando

Pela capela...

- É o crepúsculo senhora!

Pode ser que ao amanhecer meu olhar

Venha a se fechar para vida e renasça

Em um outro luar, pois assim como lua,

Das fases vive-se, lamenta-se em delírios!

Feito o corpo sutilmente sob a seda

Esculpindo-se ao amar, ao regar do orvalho

Umedecendo cada pétala veludo escarlate,

Cor do lábio enluarado, pautado no tinto... Vinho!

Encastelada em raras carícias

Arrepia-se a pele em longos suspiros,

Em jogral a voz joga-se ao vento

Lendo e relendo sobre os cabelos esvoaçando

Toda magia de viajar pela sedução de beijar!

Madrugada... Tudo alinha-se

Ao sussurro tremulo dos galhos em primavera,

Em quimeras íntimas, salinas do mar

Cobrindo a praia como abraço acolhendo

A paixão, a sofreguidão do âmago enfim!

16/10/2013

Porto Alegre - RS