Jardim do Éden
Fazia pouco tempo do encontro enamorado
Se pareciam pouco na vida, no coração iguais amaram
Era um amor já maduro, no coração parecia um fardo
Eles realmente iriam se encontrar,
Lugar parecia óbvio, para o amor não tem lugar,
Podia ser uma praça, uma padaria,
Um cemitério para enterrar, as mágoas, as lembranças
As alianças que já não queriam voltar
Desistir, não havia tempo,
De tudo já haviam confirmado
A insegurança tomou o momento, faltava uma hora para o marcado
Os minutos pareciam horas, as horas pareciam não passar,
De você eu não sabia quase nada
Sabia mais do que devia para amar
Já não sei o que faço, essa calça não parece combinar,
O cabelo já grisalho desgrenhado, tudo não estava em seu lugar
Até o coração, órgão ritmado dava saltos,
Pulando de alma em alma, tentando achar seu espaço
Conferi os bolsos, os ossos, o sangue estava a bombear,
Estava quente como nunca, fervia-me a emoção,
Gelava minhas mãos, e o tempo a me castigar
Porquê as horas não passam,
Porquê a saudade de um amor novo sempre é demais
Não sabia direito se a amava, queria-a até demais
E foram perfumes caros, sapatos lustrosos,
Rostos límpidos, sorrisos desastrosos
Do outro lado era um vestido, bordado do branco mais pacífico,
Com tons carnais de um vermelho vibrante
Para ela o tempo era curto demais, já se ia anoitecer,
Com os cabelos não sabia o que fazer, ele não ia gostar
Ai se ela soubesse que no corpo dele padece,
Um homem que escolhia, que na mulher, tudo queria,
Serventia, beleza, futilidade, maternidade
Hoje não quer beldade, ama sem maldade aquela que lhe amar
Ele chegava ao recinto, cabelos molhados olhos a brilhar,
Nas mesas só cadeiras, e ele a esperar
Como de praxe ela chegara depois, dando aquele tom de insegurança,
Por um momento ele estava só, desiludido,
Noutro a avistava, latejava copo, pernas e nada ele podia aparentar
A desengonçada botou seu maior salto para esconder a diminuta estatura,
O calorento a abafar suas gotas de ansiedade
Nós éramos perfeitos, de nosso jeito singular,
Ouvi murmúrios a nos censurar
Peguei em sua mão, e para não chamar atenção ri sem jeito
Fiz do eu mais covarde um homem sério,
Sem alardes, para agradar
Ela meio sem jeito ainda desconfiada,
Pressentiu minha empreitada e disse: “Pode sentar”
E ali estavam eles,
Talvez um cupido desses, vagabundo a vagar,
Se deparou com o amor a nascer, corou para não maldizer,
Atirou em meu peito para não errar
E garfos aplaudiam minha astúcia,
Eu paralisado na inundação, era a conexão,
O exemplo vivo da atração
Foi ali que me achei, olhei para ela e gritei,
Gritei rouco de paixão
Faltou o ar para falar, faltou coração para aguentar
Beijei-a de novo e no meio do povo nos despimos a amar
Com toda roupa no corpo fiquei nu,
Éramos Adão e Eva, longe do pecado consumar
A união, juntava insegurança ao devaneio,
O amor em sua figura, fez de mera conjectura um ser vivo
E ficamos a amar, de natureza só o chafariz da praça a respingar
As flores disformes de sementes bizarras
Que numa quente calçada iam mostrar vida a brotar
Deixa germinar, consolidar, ramar
Já cria raízes o fruto, já dá sombra aos labutes
Já regamos nosso próprio pomar
Gabriel Amorim 29/08/2013 http://devaneiospalavras.blogspot.com.br/