TELA
Devo sem demora
me fechar
no quarto
na cidade
me trancar no campo
enjaular o coração no teto
gritar em silêncio
sem demora
sem demora ...
Devo não falar agora
marcar a hora
de sorrir
e sorrir
de chorar
e chorar
decantando o improvável
em lágrimas
na espera
a espera ...
Devo engolir o tempo
lá fora e cá dentro
nem sei onde se esconde
a fonte e a ponte
cegando a pena
do nó que me estrangula
adiando o mergulho
até a saída ...
Devo ficar indiferente
a indiferente criatura
mascarada que espreita
meu descuido
meu lamento
bem ali atrás da tela
dentro e fora.
(Pensamentos e Palavras Stella Maris 14/10/2013)