Amor de mãe
Às vezes fico a pensar que as mulheres são um perigo
Nasci colado a uma, por ela conheci esse mundo
Esse que a cada dia quero deixar
Recebi muito carinho,
Passei de estranho no ninho, para o príncipe encantado
Chorei, choraste ao meu lado,
Cada vitória era minha e tua também mãe
Queria logo crescer para ser alguém,
Deixar de lado aquela ditadura da maternidade,
Deixar para trás o “Não volta tarde”
Cortar o cordão umbilical na mocidade
Quero avião, carro, pode ser navio,
Algo para me desvencilhar
A cada tentativa falha, me sentia pássaro de asa quebrada,
Que a natureza esqueceu de reparar
Sem a minha mãe, mulher, não consigo voar
Como uma adrenalina repentina
Veio a notícia derradeira,
Morre mulher guerreira
Que com um ente não consegue falar
Fosse embora cedo mãe, deixando teu pássaro a tentar
Alçar o voo da vida, ainda passo o esparadrapo na ferida,
Que minha maturidade ensinou a enfaixar
Desculpe se fui chato, faço apelo, quero um abraço,
Da mulher que não quero me despedir
Que caia a última lágrima, que não se profira a última palavra,
Que meu coração dispare novamente ao te ver na entrada
Aquilo que já chamei de erva daninha,
Transformou-se em meu vício, meu cais, meu mau caminho
Fui atraído pela vida, consumido pelo carinho,
De uma nova mulher em minha vida
Hoje sou marido, amante, enamorado, tento curar o péssimo lado
De filho arredio, ingrato, que materno demais para ser pai
Fui agraciado com uma filha,
E para as mulheres ainda não encontrei a solução
Pareço um viciado, maltrapilho, não me acho,
Sem cabelos longos, seios e finas mãos
Sinto que estou a deixar a vida,
Chamando erva daninha de meu amor, minha querida
Minhas mulheres sempre ao meu lado,
Morria cedo, morria amado
O filho da mãe que não merecia
Gabriel Amorim 28/07/2013
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