Olhos e Bocas

Sua boca se fez aberta, lentamente

e, quando senti a frase que me diria

fechei os olhos como fecha o que sente

a própria noite se ferir na luz do dia.

O sentimento que chegava tão luzente

na sua voz (que, o silêncio, cegaria)

interrompi com o meu gesto mais urgente

antes que ficasse surdo de alegria.

Sua boca, então, fechou-se (de repente)

pressentindo que, falar, já não poderia

e, ambos, fechados (silenciosamente)

meus olhos mudos e sua boca vazia...

ouviram, embora o som fosse ausente

o que a boca do silêncio falaria :

o "eu te amo" com a voz do beijo quente

nos olhos nus da solidão que era fria.

09-10-2013

Torre Três (R P)
Enviado por Torre Três (R P) em 11/10/2013
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