QUEM MAIS TE AMOU?
Tanto faz
Que o carteiro passou
Assoviando feliz
Pois já era fim de tarde
Saudade da esposa?
Amigos do bar...
Saudade dos filhos?
O tempo os traz
Mas para mim tanto importa
Deixou contas e contas
Uma papelada tamanha
Deixou um rastro de felicidade
E um vazio enorme também
A carta que não veio
Qual recumbida em teu seio
Como folhas brancas sem palavras
Só o nome de um navio que não partiu
De um porto deserto,
Um trenzinho parado
E os teus olhos tão lindos
Que numa imagem parecem não me ver
E os teus lábios tão quentes
Que de frio parecem não se mover
Ah! o carteiro passou!
Assoviando feliz
Então pensei comigo:
Nunca deve este ter tido tal desgosto
De perder seu amor por timidez
De calar-se e perceber naqueles olhos
O brilho de um claro Luar
E seus lábios puros e macios
Esmerados qual fino marfim
Era tarde de dezembro
Era um glacial dezembro
Onde os pássaros afugentavam-se
Do céu nublado
Foi quando a perdi para um homenzinho
Que antes, bem antes de mim
Ousou dizer “Eu te amo”
Mas... Ninguém a ama
Não! Não!
Não quão maior que o amor que lhe tenho
Mas fugia-me, nubente do silêncio...
E o que sentia eram veleidades
Que os olhos murmuraram
Que os lábios não disseram
Senão a este coração vazio e apaixonado
Esperando por um navio
Sem velas, sem rio nem mar
E ela já noiva, e eu ainda deslumbrado...
Onde fora ela guiada
Por aquele homenzinho absurdo?
Furtou-me as estrelas do Céu
Levou a beleza da Chuva
E os campos ficaram não verdes
Porém acinzentados
Preciso ter coragem
Para falar algo e conquistá-la
Pois eu a amo demais!
Em todo pôr-do-sol eu chorava
Como as lágrimas do Orvalho
Que desperta as auroras ao amanhecer
E em todo dia em que as sombras me cobriam,
Sob os coqueiros, perto das marés altas
Sob os arvoredos, onde brotam os pinheirais
Ali perto das matas, doces e angelicais
Então eu fugia de mim
E lembrava da última primavera
Daqueles dias fatais
Ah! Daqueles dias gelados...
Quando eu a queria conquistar,
Mas não houve palavras
Ocorreu tragédia ainda maior
Que não tê-la em meus braços
Não chorei, não sorri, não existi!
Foi-se embora minha amada existência
Morreram as estrelas do Céu
Apagou-se a beleza da Chuva
E os campos não eram nem verdes nem acinzentados
Eram nada...
A maré alta levou meu amor
Não chorei, não sorri, não vivi!
Ó brisa cujo uivar oculta a noite
Por que levas daquele triste e absurdo homenzinho
A imagem que levou também de mim?
Por que a levou de mim o tempo?
Não pude aquecer seus lábios frios
Nem acender a chama
Que havia no olhar da minha moça
Era tarde, era tarde de dezembro
De um glacial dezembro
E o carteiro passou
Assoviando feliz
Ah! amigo, espera...
Por que sorris tu assim?
Ensina-me a mim teu segredo
“Olha bem nos meus olhos de seda
Que de tanto espelhar a doçura que havia no amor
Tornou-se brando e suave assim...
Não te lembras então?
Quando os teus lábios congelaram
Quando os meus disseram - Eu te amo?
Quem mais amou? Quem chorou mais que eu?
E sentindo tal peso em meu peito
E sofrendo sempre e sempre em meu leito
Soturno tratei-me num certo hospital
Foi quando descobri que chorava à toa
A vida era por certo breve
Eu tinha mesmo uma doença terminal
Assim a amei, assim a chorei
Conformando-me e felicitando-me então
Pois logo felizmente poderia vê-la no céu
Vão-se os dias e em breve a encontrarei...
Vão-se os dias, prontamente a abraçarei...”
Era tarde de dezembro
De um glacial dezembro
E se antes não, comovido por demais fiquei
Tais palavras jamais seriam expressas
Com tamanha felicidade
Se não houvesse um grande, enorme amor
E aliviou-me esse sentimento
De saber que alguém talvez a tenha amado mais que eu
Saudade da esposa?
Dos amigos do bar?
Saudade dos filhos?
Aquele carteiro partiu
Algumas vezes mais o encontrei
Tratava-o com o respeito de um nobre
Pensei escrever-lhe uma carta
Antes que partisse
Para que a levasse ao além
Pediria desculpas por ter sido tão fraco
E não ter expressado o quanto a amei
Mas que também eu me enganara
Pois jamais havia amado tanto qual nobre senhor
Pediria que amasse aquele moço
Aquele moço, aquele sorridente moço
Depois disso, o carteiro nunca mais passou...
Nem chorou nem sorriu
Nem realmente existiu...
Tanto faz
Que o carteiro passou
Assoviando feliz
Pois já era fim de tarde
Saudade da esposa?
Amigos do bar...
Saudade dos filhos?
O tempo os traz
Mas para mim tanto importa
Deixou contas e contas
Uma papelada tamanha
Deixou um rastro de felicidade
E um vazio enorme também
A carta que não veio
Qual recumbida em teu seio
Como folhas brancas sem palavras
Só o nome de um navio que não partiu
De um porto deserto,
Um trenzinho parado
E os teus olhos tão lindos
Que numa imagem parecem não me ver
E os teus lábios tão quentes
Que de frio parecem não se mover
Ah! o carteiro passou!
Assoviando feliz
Então pensei comigo:
Nunca deve este ter tido tal desgosto
De perder seu amor por timidez
De calar-se e perceber naqueles olhos
O brilho de um claro Luar
E seus lábios puros e macios
Esmerados qual fino marfim
Era tarde de dezembro
Era um glacial dezembro
Onde os pássaros afugentavam-se
Do céu nublado
Foi quando a perdi para um homenzinho
Que antes, bem antes de mim
Ousou dizer “Eu te amo”
Mas... Ninguém a ama
Não! Não!
Não quão maior que o amor que lhe tenho
Mas fugia-me, nubente do silêncio...
E o que sentia eram veleidades
Que os olhos murmuraram
Que os lábios não disseram
Senão a este coração vazio e apaixonado
Esperando por um navio
Sem velas, sem rio nem mar
E ela já noiva, e eu ainda deslumbrado...
Onde fora ela guiada
Por aquele homenzinho absurdo?
Furtou-me as estrelas do Céu
Levou a beleza da Chuva
E os campos ficaram não verdes
Porém acinzentados
Preciso ter coragem
Para falar algo e conquistá-la
Pois eu a amo demais!
Em todo pôr-do-sol eu chorava
Como as lágrimas do Orvalho
Que desperta as auroras ao amanhecer
E em todo dia em que as sombras me cobriam,
Sob os coqueiros, perto das marés altas
Sob os arvoredos, onde brotam os pinheirais
Ali perto das matas, doces e angelicais
Então eu fugia de mim
E lembrava da última primavera
Daqueles dias fatais
Ah! Daqueles dias gelados...
Quando eu a queria conquistar,
Mas não houve palavras
Ocorreu tragédia ainda maior
Que não tê-la em meus braços
Não chorei, não sorri, não existi!
Foi-se embora minha amada existência
Morreram as estrelas do Céu
Apagou-se a beleza da Chuva
E os campos não eram nem verdes nem acinzentados
Eram nada...
A maré alta levou meu amor
Não chorei, não sorri, não vivi!
Ó brisa cujo uivar oculta a noite
Por que levas daquele triste e absurdo homenzinho
A imagem que levou também de mim?
Por que a levou de mim o tempo?
Não pude aquecer seus lábios frios
Nem acender a chama
Que havia no olhar da minha moça
Era tarde, era tarde de dezembro
De um glacial dezembro
E o carteiro passou
Assoviando feliz
Ah! amigo, espera...
Por que sorris tu assim?
Ensina-me a mim teu segredo
“Olha bem nos meus olhos de seda
Que de tanto espelhar a doçura que havia no amor
Tornou-se brando e suave assim...
Não te lembras então?
Quando os teus lábios congelaram
Quando os meus disseram - Eu te amo?
Quem mais amou? Quem chorou mais que eu?
E sentindo tal peso em meu peito
E sofrendo sempre e sempre em meu leito
Soturno tratei-me num certo hospital
Foi quando descobri que chorava à toa
A vida era por certo breve
Eu tinha mesmo uma doença terminal
Assim a amei, assim a chorei
Conformando-me e felicitando-me então
Pois logo felizmente poderia vê-la no céu
Vão-se os dias e em breve a encontrarei...
Vão-se os dias, prontamente a abraçarei...”
Era tarde de dezembro
De um glacial dezembro
E se antes não, comovido por demais fiquei
Tais palavras jamais seriam expressas
Com tamanha felicidade
Se não houvesse um grande, enorme amor
E aliviou-me esse sentimento
De saber que alguém talvez a tenha amado mais que eu
Saudade da esposa?
Dos amigos do bar?
Saudade dos filhos?
Aquele carteiro partiu
Algumas vezes mais o encontrei
Tratava-o com o respeito de um nobre
Pensei escrever-lhe uma carta
Antes que partisse
Para que a levasse ao além
Pediria desculpas por ter sido tão fraco
E não ter expressado o quanto a amei
Mas que também eu me enganara
Pois jamais havia amado tanto qual nobre senhor
Pediria que amasse aquele moço
Aquele moço, aquele sorridente moço
Depois disso, o carteiro nunca mais passou...
Nem chorou nem sorriu
Nem realmente existiu...