A não Escolha

No poder da escolha

residia a minha convicção.

E mais que o fado que nos molha

era essa mesma condição

qual destino que nos olha

que me ordenava o coração.

Uma vezes cinza, outras cinzentos

com lampejos de Primavera

impulsos de sentimento

paixões de um amor que não o era

conscientemente nascidos cá dentro

e assim condenados de forma efémera.

E desordenadamente surges Tu

desdenhando de toda a razão

manipulas-me a liberdade

anexas-me de toda a minha verdade

deixas-me em alerta o coração

desconhecido até então

por falta de necessidade.

Não te escolhi. Lamento.

O destino apoderou-se de mim.

Difícil convívio no momento

entre eu e esse avarento

que me serve o inevitável assim

sem nunca me perguntar se sim.

Tudo contra ti!

ninguém me invade impunemente

a lógica na linha da frente

tantas vezes minha confidente

desta vez não seria diferente!

Desisti.

Tu és a minha não escolha

assim a mais verdadeira

pois no estares perto de mim

numa inevitabilidade que me tolha

acicataste a minha maneira

transformada em amar-te assim.