Dama da Dolente Canção

Na surdina de intensas chamas

Não baixes, dolente donzela, no ar esparzido

Meu coração tolhido e invadido

Feito de carne e veludo que te amas...

Em ti, tenho meus sonhos mudos

Esqueci-me de pensamentos em venenos suicidas

Já que, em vida, a tenho como ninfas lindas

Deleito-me, apazíguo-me dos absurdos!

Meu desejo em ti abunda

Minha prisão negra é seu coração

E vago, tocando triste canção

Distante, meu corpo do teu oriunda...

Com seus negros e bons encantos

Tomaste-me por seu cortejo...

Tolhido coração em seu almejo

Derramastes em mim todos seus prantos...

Às vezes, para acalmar

Uma raiva por simples misteriosa

Madrigálica, taciturna bondosa

Envolve-me em teu morder, teu beijar...

O ar impregnado de fúria amorosa

Não podes intervir no porvir

Não podes aos céus bramir

Na terra encontrará-me, alma penosa...

Em outros sonhos, sereia despida

Vales mais que madonas reluzentes

És dos céus, dama ingente

Eu, um mancebo eremita...

Velar-te-ei anjo temida

E seu amor incorruptível

Por toda uma noite, num corpo invisível

Mesmo que isto, cause-me mil feridas!!!

Raphael Ruthven
Enviado por Raphael Ruthven em 02/10/2013
Código do texto: T4507847
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