Minha religião
Minha religião não me permite falar metade do que penso
Quiçá escrever, blasfêmia perante o Senhor
O que sinto, o que vivo, o que aprendo, tudo tem que passar por um crivo
Será que condiz com a realidade viver assim? Quimera sem sentido...
O tempo que passamos aqui não deve ser censurado
E parece ser o que mais vejo por aqui
Censura, medo, crítica sem fundamento, inveja e despeito
Sentimentos que não combinam com as experiências únicas que aqui vivemos
Perco tempo analisando considerações alheias sobre como levo o desenrolar da vida
Não deveria, mas humano que sou, perco tempo com a opinião alheia, inócua
Até parece sem sentido tudo que escrevo
Até parece ter muito sentido tudo que escrevo
Pelo menos tenho alguma consideração sobre minha literatura,
Sobre o que penso, vivo
Minha religião pode não permitir muitas coisas
Ainda bem que minha alma é bem maior que ela
Minha religião.
Chico Pìancó Neto, 28/09/13