A flor
Foi naquele dia chuvoso
que fui pela primeira vez ao jardim...
Andando ao meio daquele ambiente amoroso
Disfarçado perante uma imensidão flores sem fim,
vi um belo botão,
tão pequeno e delicado,
tocou meu coração...
Não era o mais belo,
nem mesmo o mais atrativo.
Não sei o que me encantou naquele botão singelo.
Um amor que com muito carinho cultivo...
Passei a visitá-lo todos os dias,
o tratava como se fosse meu plantio.
Meu coração se enchia de alegrias,
se exaltava como um transbordante rio.
Os dias se passaram,
e de tão lentamente, não percebi,
uma linda flor viera a surgir.
Uma flor que a todos encantaram.
Foi ai que começaram os boatos do jardim:
A mais bela flor, com o mais cruel veneno!
Um conflito dentro de mim.
Poderia nisso ter se tornado o pequeno?
Naqueles boatos eu não ousava a crer,
até que vi com meus próprios olhos...
Meu mundo começou a se desfazer,
Deus! Tenha dó de seus filhos!
Apesar de tudo, ainda adorava aquela flor,
com o veneno não me mais importava.
Mesmo que trouxesse a dor,
com ela eu sempre estava.
Mas o jardim não era meu,
E a flor nunca me pertenceu!
Levaram-na para longe,
onde agora ela se esconde.
Sempre soube que este dia iria chegar,
mas não podia deixar de amar.
O cruel jardim do mundo nunca me deu uma flor,
apenas as ilusões.
Cruel, cruel jardim,
por que não cuida de mim?
Amei teus frutos,
Agora deixa-me em luto?
Deixo de ser jardineiro,
para tornar-me coveiro.
Posso agora cavar minha própria cova,
pois de ti, jardim, não quero mais prova.
Cavo a terra de meu túmulo
e jorro-a por cima de suas flores.
Meu horizonte agora é minúsculo,
Apenas as cinzar das lembranças das dores.
Minha flor, pequena flor,
Por ti ainda tenho o amor.
Sei que não vamos nos encontrar,
mas no reino de minha mente,
para sempre vou te amar.