Essa não é para você
Nunca vou falar
da sua boca de veludo
Jamais direi novamente
das maravilhas de seus olhos
E não mais exaltarei
a leveza de seu suspiro
ou a emancipação de suas mãos
que como fagulha
quase queima
a carne
minha.
Nunca mais falarei da pele
tua, que a envolve
como manto de linho
e que sem quase atrito
corre por sobre minhas palmas
Jamais direi ao pé de teus ouvidos
em um quase gemido inaudível o quanto eu insanamente te amo
E o quanto eu jamais te adorarei, nunca lhe direi
embora você saiba
Ah, você sabe, que eu, perdido entre os cachos teus,
minto, e digo, que de você jamais precisarei
E minto e digo, que não te quero mais,
que não te espero mais
E você finge que acredita,
e sorri,
pois sabe que,
mesmo que eu diga,
eu
Jamais cessarei de falar de teus lábios,
e do néctar que deles escorrem e
trazem líquido vital,
aquele que
sem empenho qualquer
me traz a vida
e vivo me mantém
Então, mentirei se disser qualquer dia amo,
que diante desse céu rotundo, tal qual meu amor
"não te amo mais",
quando amar-te
é tudo que faço.