CEM ANOS DE PRISÃO

Cem anos de perdão

manda o ditado

a ladrão que rouba ladrão...

você está condenado

(disso não abro mão)

por ter-me roubado

o agora seu, meu coração.

Boa troca fizemos nós

o meu aí, o seu aqui

já não vivemos sós

como outrora eu vivi.

No toma lá, da cá

trocamos até o adágio:

cem anos vou condenar

ao gatuno este estágio.

Nossas penas são iguais,

condenações perfeitas

não somos rivais

mas parceiros de empreitas.

Também tenho cem anos

pra cumprir essa missão

por ter surrupiado

esse adorável coração.

Batem juntos os dois

num compasso tresloucado

seu indulto quero, pois

pelo espaço violado.

Cumpriremos a sentença

de eterna moradia

eu no seu, você no meu

locatários da alegria.

Cem anos. Tão pouco!

Precisaríamos de mais

pra compormos, como este louco,

outros gostosos madrigais.

Dalva Molina Mansano

Março 2010

Republ.

24.09.2013

17:50

Dalva Molina Mansano
Enviado por Dalva Molina Mansano em 24/09/2013
Código do texto: T4496290
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