ARREMATE PARA O AMOR

Peguei minha agulha que mergulha,

No tecido da alma que debulha os prantos,

Meus pontos, encantos e desencantos,

Com o tempo vamos ganhando habilidades,

Percebi um nó apertado e difícil de desfazer,

A linha que antes deslizava agora interditada,

Sabia que teria que treinar a paciência,

Entender que tem nó de difícil remoção,

Tem momentos que precisamos mudar a linha,

Para continuar costurando nossa trajetória,

Peguei as multicores quis bordar o amor,

As mãos trêmulas e os pontos rebuscados,

Seria o amor assim tão complicado?

Costurei em linhas retas e diretas,

O tecido fora todo preenchido, contestou,

Exigia linhas curvas e zigue-zague,

Bordei em aspirais, descobri as simetrias,

As curvas sinuosas exige firmeza no traço,

Em meio a tantos pontos e conta pontos,

Percebi a fragilidade das linhas,

Que não adianta querer traçar um desenho,

Em linhas quebradiças ou com nó,

Liberei a imaginação, soltei a emoção,

A agulha saltitante bordou um coração,

Preenchi com as linhas do amor,

Que na sua caminhada livre e solta,

Faz verdadeiras obras de artes consagradas,

Descobri que não há como representar o amor,

Cada agulha é mágica, cada momento é único,

Não preciso seguir os arremates requintados,

Agora com um desenho livre, achei os desfechos,

Como controlar as linhas do coração marchetado?

Um traço invisível e imaginário na proporção,

Melhor segui a voz da intuição em ebulição,

Pois nas emoções não há ponto final,

Há um sinal vital, atual ou até banal,

Nem algo pontual, apenas uma vontade de amar.

Marta Cavalcante Paes
Enviado por Marta Cavalcante Paes em 24/09/2013
Reeditado em 08/05/2015
Código do texto: T4496052
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