GUERREIROS TAMBÉM TÊM AMORES
Vive-se bem nas águas do teus lábios
E se voa livre nos teus olhos libertos
Como a tempestade que eles atraem
E a nós impõe algum destino incerto!
Qual ave da hiléia presa no deserto
A procurar abrigo em ti e não achar
Corro procurando dentre as nuvens
Vestígios que me mostrem o mar!
Vejo navegar as nuvens na atmosfera
E ancorarem pesadas agora sobre nós
Aquém do abismo donde uma quimera
Grita calada para não ouvirmos sua voz!
Vive-se a pensar que além do teu amor
Nada há se não sombras sobre nada
O mal que reina sempre sobre os vivos
A assombrar do chão a ponta de espadas!
Volta-se ao teu abraço sereno e carinhoso
Vê : guerreiros também têm amores
E dentro de seu peito um canto amoroso
Que finda as lâminas ao chover de flores.