AZUL REVERSO
tomei emprestado de um tom marinho
o azul danúbio, o azul nilo, o azul da cabeceira das águas paradas
e em busca do mar, para nele fazer meu sonho naufragar,
sigo entre as dobras da terra molhando os pés.
se caminho com sede ou se recebo a chuva
não troco o luto por revés novidade
- ainda que mudo e molhado
meu sonho reveza os azuis e tinge minha mãos ressequidas.
minto, se escrevo para saudar o dia
porque espero conter a aurora
e manter o azul enquanto dura a alegria.