SEXO e FÚRIA

espinhos do inverno despetalam meus dedos

na sangraria alagadiça das primaveras,

e aprendo tua boca

a profundidade molhada da flor do Éden

- incineradamente alada,

como sonhar que a odalisca é tua doação

na missa profana do amor que não vai embora,

porque te querer é a exterminação da alma conspurcada

pelo abuso apocalírico,

quando só existe abismo no dilacério da carne,

quando o roubo é a vulgaridade do corsário,

a ruptura entre a beleza intensa e o infame:

a oferenda gratuita é escancarar o que é triste,

sórdida como a lucidez coberta de moscas no matagal do castelo,

porém, absolutamente súbita

como teu banho de nudez abrasiva declara esfinges de fogo

aonde o tempo verteu magia na primeira vez

do sabre seivar volúpias no corpo indócil,

maciça como te varar de sexo e fúria,

mas insone na vigília da tua festa