Bailarina
Qual o sol ardendo-se diante da fé
As chamas abrindo-se em raios claros
Seu linguajar de fulgor, assim se inicia...
E se estende em roda, ritmado e calmo,
Com o bailado em sintonia aos suáveis saltos.
E seguida ela se transforma ineiramente em chamas,
Com um olhar acalma a dor da gente
Utilizando-se a arte suprema dos pés.
Incendeiam-se também suas roupas
Qual pássaro parado no ar, desfaz-se,
Abrem e soltam-se os braços fazendo ruídos.
Como se fosse, então, lenha na fogueira,
Que aceita a chama num gesto de alegria
Atira-se de súbito no palco do amor e admira
Vê-la ao brilho da terra, agora aguçada,
A agüentar ainda as labaredas com vida.
Porém a bailarina, nas alturas, num leve olhar
E um sorriso de cortesia eleva-se a cabeça,
Pisa no solo e se deixa no palco bailar.