Bailarina

Qual o sol ardendo-se diante da fé

As chamas abrindo-se em raios claros

Seu linguajar de fulgor, assim se inicia...

E se estende em roda, ritmado e calmo,

Com o bailado em sintonia aos suáveis saltos.

E seguida ela se transforma ineiramente em chamas,

Com um olhar acalma a dor da gente

Utilizando-se a arte suprema dos pés.

Incendeiam-se também suas roupas

Qual pássaro parado no ar, desfaz-se,

Abrem e soltam-se os braços fazendo ruídos.

Como se fosse, então, lenha na fogueira,

Que aceita a chama num gesto de alegria

Atira-se de súbito no palco do amor e admira

Vê-la ao brilho da terra, agora aguçada,

A agüentar ainda as labaredas com vida.

Porém a bailarina, nas alturas, num leve olhar

E um sorriso de cortesia eleva-se a cabeça,

Pisa no solo e se deixa no palco bailar.

R J Cardoso
Enviado por R J Cardoso em 14/04/2007
Reeditado em 14/04/2007
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