A MOÇA DE TRANÇAS LONGAS.
Numa cidadezinha no meio das montanhas,
Uma moça de tranças longas sempre espera,
Em todas as tardes a chegada do trem,
Com rosas vermelhas na mão, debruçada na janela.
Quando o apito na curva de chegada,
Vem rasgando a tarde triste ainda a longa distância;
Nos olhos da moça, ilumina sempre um sorriso,
E na velha estação, há sempre um retorno de esperança.
Tantas tardes, embarques e desembarques passaram,
E com ela, inúmeras primaveras;
A moça de tranças longas, já não tão moça,
Debruçada na janela, a chegada do trem, ainda espera.
Pessoas morreram, cresceram, mudaram,
A moça de tranças longas, ainda todas as tardes, debruçada na janela;
Ali ninguém mais a reconhece,
Nem sabe o que a moça de tranças longas, espera.
Numa certa tarde de verão,
O apito do trem chorou na sua chegada;
Outrora a música de alegria do apito,
Chorava uma dor doída e dilacerada.
A moça de tranças longas o sono eterno dormia,
Num canto da sala com rosas vermelhas na mão;
Entra o velho maquinista e beija-lhe a face terna e fria,
E desesperado, declara-te a dona eterna do seu coração.