MINHA EXISTÊNCIA (Republicado)
Não há, no mundo, o que mais me toque a alma
Do que esse amor, que é ora fogo e ora calma
E então
Eu calo e cismo, quando estás, de mim, distante
E não me sais do pensamento, um só instante,
Ah, não...
És a razão por que meu verso eu solto, ao vento,
És minha vida, minha paixão e meu alento.
Quisera ter, alguma vez, a faculdade
De exercer, enfim, o dom da ubiquidade,
A que pudesse
Estar contigo, ao tempo em que, sem ter-te,
Sinto embargada a voz e o coração inerte
E, em prece,
Eu rogo a Deus que mais e mais nos aproxime,
Em nome do amor, que, de lutar, jamais se exime.
Se me quiseres, sempre, tanto quanto agora,
Sei que não há de haver, a mim, a qualquer hora,
Solidão...
Se perquirires sobre o que me move a pena,
Verás que, tão somente, o que a põe em cena
É a paixão...
Porém, se queres ter, na vida, uma certeza,
Lembra que amar-te está em minha natureza.
E mais dissera este poema, certamente,
Se eu me pusesse a escrever, eternamente,
Sem parar,
Porque o que guardo dentro deste coração
Só caberia, talvez, na vasta imensidão
Do mar...
Escuta, assim, o sentimento que eu te juro,
Já que não tenho nada tão autêntico e tão puro.
À noite escura, acrescentaste a claridade,
Quando, em minhas mãos, puseste a felicidade,
De graça...
E eu recebi o corpo e a alma da amada
Como se toda a fortuna que há, me fora dada
Em u'a taça
Na qual eu bebo, do amor, a própria essência,
Cujo sabor faz ser de luz minha existência.