SAUDADE  III
Sandra Fayad
Saudade é como baú vazio de amor
Que sobe e desce em rolo compressor.
Espalha-se pelas artérias do peito
E por todo o corpo irriga dor.
Saudade rola, estica, afina! Afina sem dó!
Aperta como manga verde sob a língua,
Amarga como guariroba e  jiló.
Emudece a voz, esfria o canto
E sobe o rio de pedrinhas quentes
Das nascentes de Caldas Novas.
Desagua morna em duas rasas piscinas ovais,
Transborda! Escorre em pequenos veios,
De volta ao peito, em uma rotina incessante.
Arranha e escala o estreito canal do esôfago,
De onde sai ardida, alargada.
Entala na goela, mas passa. Apertada.
Saudade é tristeza incansável
Na maratona da espera.
Saudade é torturante.
Saudade é lagarta em metamorfose esmagada.
Sonho de ser borboleta. Destruído.
Recomeçar do nada. Voar.
Bsb, 09-09-2013
Sandra Fayad Bsb
Enviado por Sandra Fayad Bsb em 16/09/2013
Código do texto: T4484806
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