Borboletas escarlates

São sois tranquilos os olhos dos frágeis rouxinóis

na noite desamparada dos caminhos de esquilos.

Naquela floresta enfeitiçada de buxos, arbustos raros

em que os teus lábios sinuosos

me buscam, ninfa ou fada, longínquos e distantes.

Antevejo-te então nas meninas dos meus olhos claros …

quando, os teus olhos me delineiam, equidistantes,

nas pegadas jubilosas dos sonhos paladinos

e me conferem lugar cimeiro no palanquim sagrado

dos divinos amantes.

São sois serenos os olhos evidentes dos rouxinóis

donde se elevam triunfantes, trauteios moços de emoções.

Numa serôdia Primavera, outrora hereges sopranos,

floreiam-se em mil chilreios, na suavidade aberta das nossas

próprias canções.

São momentos silenciados, sagrados, de ternuras e mimos,

exaltados de milenares afectos. Instantes perdurados ao infinito.

Em que, por nós, se calam de zoar até estridentes insectos.

Momentos sublimados de prazer, em que não se ouvem sequer

a gargarejar as fontes na laje de pedras. Nem sequer a ventania

oriunda lá das infinitas serras …

Instantes em que das folhagens se elevam Borboletas escarlates.

Vão poisar nas rubras rosas aureoladas no relento da manhã,

na busca acalmada d’alimento. São belíssimas mariposas animadas

na carne mágico-sacra da flor teu beijo. A navegar ao sabor

de duas bocas e um desejo … Um só momento.

Voam agora as Borboletas, no arrojo triunfal d'acasalamento.

Voam-se livres, livres, ao vento …

Mel de Carvalho
Enviado por Mel de Carvalho em 13/04/2007
Código do texto: T447736
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