NOTURNO
(Sócrates Di Lima)
Olho a noite lá fora,
E a ela me abraça,
E nesse abraço que me devora,
É a saudade que me laça.
Mergulho no tempo meu!!!
E vou ao fundo do mar do meu coração,
E entre o borbulhar que me desprendeu,
Senti-me sem o fôlego dessa supressão.
E ao volta da minha submersão,
Da profundeza dessa saudade,
Preso a um fio de ar da minha emoção,
Agarro-me no vácuo da distância dessa vontade.
E assim, olho a noite que me inquieta,
Em um olhar noturno de véspera,
Desejaria ter as asas do macho borboleta,
E ir buscar o amor que me espera.
Noturno, o meu pensamento,
Invioável o meu sentimento,
E na ansiedade deste momento,
No para-peito da janela, sinto o silêncio em fomento.
A Lua parece mover-se,
As estrelas piscam na noite escura,
Como se quisesse oferecer-se
Em luz e cântico a minha sadade em textura.
Saudade noturna,
De um olhar além desta minha ilusóri calma,
Onde o amor queima e me enfurna,
Na saudade tântrica desse amor de alma.
Ela se encontra em patamar celeste,
Na distância corpórea e silenciosa,
E a saudade dela me veste,
De uma vontade noturna e maliciosa.