Sedução
Os versos permanecem calados na boca,
indizíveis, cifrados em esperanto.
Tua boca, tua pele, tuas coxas, tua vulva
mastigadas na confusão de palavras,
inebriadas pela volúpia da língua,
embriagadas pelo contexto do texto,
palavras imaculadas de uma poesia
escorrendo mansamente da caneta,
todinha molhada de tanto tesão,
feito fêmea à espera da penetração,
feito coito nervoso na ante-sala
do prazer esperando o gozo que não vem.
Tamborilo teus mamilos na languidez
provocante do verso que teima fugir.