SONHO DO POETA

Não poderei mais dizer teu nome de mulher

deixando claro o quanto amo,

sequer tenho o direito de proclamar tua ausência,

estou só na Terra entre estátuas e carros incendiados,

levo a avalanche de beleza que te distingue das heroínas

no único lugar permitido de te encontrar:

os corredores da solidão:

aonde a alma verte racionalidade à falta de sangue,

pois é estranho saber que um dia te encontrei

e hoje rastejo nos escombros de uma apoteose guerreira,

aonde os mortos são minhas saudades

Tua sensualidade de tão linda é um hino que a Criação entoa

quando a saída é esperar a manhã,

no imperceptível estrondo das cóleras te vi saindo do mar

e a espada da tua altivez definia o horizonte,

e percebi na ferocidade o inútil da existência

porque o limite da desesperança é esvair incinerado

quando o sonho do poeta despe a fada

e o que resta é a noite absolutamente só,

e no meu coração o epitáfio é o muito que não te dei a cobrar