INSÔNIA
Quando surgiram, as estrelas, as primeiras,
Ontem à noite, olhando o céu, a meditar,
Meus olhos ficaram bem abertos
E o pensamento livre se impôs, a me alertar...
Foi longa a noite... Meus olhos doloridos
Ouviram os sons de todos se calar...
O silêncio foi tão grande e assustador,
Que me dei conta do tamanho do pesar...
Quando as primeiras luzes no horizonte
Surgiram... viram olhos bem abertos
Buscando aquele que me tolda a vista, a fronte...
Amanheceu... Mas comigo não estava
O que faz os meus dias sempre incertos:
- Aquele que já foi e que não volta...
Meus olhos doem, achegou-se mais um dia
De mansinho, como o amor a perdurar...
Dia cinzento... Nem a própria cotovia
Pode meu dia, amor meu, vir alegrar!
Meu pensamento me inquieta o coração
Cuja Saudade machuca e espezinha!
Os olhos meus... Um dia alegrarão
As noites longas nas quais estou sozinha?...
Sei que a Razão me manda te esquecer
E que me diz que é para “em mim pensar”;
Mas como posso te esquecer, ó minha Vida?...
Tu és todo o meu sentido de viver!
Envelheci... Passei a vida a te amar!
- Tanto faz se nesta dor sou envolvida!...