(Des)encontros

Estamos tão próximos

Vem prá cá

Não?

Então grita aí

De repente posso lhe escutar.

.

É! Estamos longe...

não tenho asas

olhos de águia

tampouco esporas e penas

e se viesse para cá

velejando no ar

.

pulando entre avenidas e prédios,

picando entre os carros e telhados

quem garante que chegaria há tempo?

.

O tempo voa

é inimigo da gente

é trânsito fechado

dia de manifestação

parede em duas

tudo atrapalha viver

.

É tanta gente no meio, do lado, de lado e atrás

empurrando para não sei onde

sem rumo

sem eira nem beira

com medo de cair ficamos onde estamos.

.

Não é preciso o grito

não pule do prédio

nem atravesse mais a rua

fiquemos a ver os carros ao longe

não existem navios nas ruas

esperemos a chuva,

onde as pessoas correm mais,

não saem de casa,

de repente, poderemos pular, o risco faz parte.

.

Bom! Sem devaneios

em algum dia

possivelmente de manhã

talvez uma tarde

em alguma noite

ou madrugada amarela

nos encontremos para falar, ouvir, chorar, voar e ficar em paz.