UM CAIPIRA APAIXONADO

Quano te vi, Sinhá, atravessano aquela portêra

Meu coração se apulô de tanta tontêra

Êta cabrocha brejêra, que veio me encantá

Oiei vancê de riba a baixo, essa mué é pra casá!

Fui pra casa se adeitá, dispois de tanto trabaiá,

Mais num tirei vois mecê das pupila do meu oiá.

Os fogo foi arribano pelos corpo e o coração a parpitá,

Como eu queria na minha rede, aquela linda sinhá

Ia fazê vois micê de gato e sapato

De tanto nois se amá pra vê a potranca urrá

Como é que há de sê, aquela potranca ciando,

Ao caipira se entregano, de corpo e alma se amando

Muié das boca melada, dos corpo macio, me chamano, me chamano

Quereno mais se agarrá, se mordê e se grudá

Êta como deve de se bão, seu corpo alisá,

Passa as mão e seus canto precurá,

Seus cabelo carinhá, te abraçá e te bejá.

Inté nois tudo se arrepiá de tanto se atiçá

Vois mecê é mué pra casá.

Vem, vem mais eu vê a lua,

Mas quero a Sinhá toda nua

Pra modi eu se aproveitá.

Quero em vancê galopá, domá a potranca artêra,

Tomá vancê pra mim, pela vida intêra.