Poema de contrição
 
Por todo mal que eu já te fiz,
Deixando marca e cicatriz,
 
Crucifica-me.
 
Pelos suplícios à tua alma,
Que infligi por me faltar calma,
 
Crucifica-me.
 
Por toda lágrima chorada
Em silêncio na madrugada,
 
Crucifica-me.
 
Pela má palavra ou ação
A lacerar teu coração,
 
Crucifica-me.
 
Se às vezes faltei em teu leito
Ou não fui o amante perfeito,
 
Crucifica-me.
 
Pelas noites tão mal dormidas,
Por te arder as novas feridas,
 
Crucifica-me.
 
Por me esquecer de enviar flor
Depois de uma noite de amor,
 
Crucifica-me.
 
Por te maltratar com ciúme,
Não me deixes são nem impune;
 
Crucifica-me.
 
Mas por querer-te assim demais
E por amar-te sempre e tanto,
Tecendo os versos deste canto
Eu te suplico uma vez mais:
 
Perdoa-me.


_______
 
N. do A. – Na ilustração, Brisa Matinal de Pino Daeni (Itália, 1939 - EUA, 2010).
João Carlos Hey
Enviado por João Carlos Hey em 28/08/2013
Reeditado em 18/08/2021
Código do texto: T4455405
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