Poema de contrição
Por todo mal que eu já te fiz,
Deixando marca e cicatriz,
Crucifica-me.
Pelos suplícios à tua alma,
Que infligi por me faltar calma,
Crucifica-me.
Por toda lágrima chorada
Em silêncio na madrugada,
Crucifica-me.
Pela má palavra ou ação
A lacerar teu coração,
Crucifica-me.
Se às vezes faltei em teu leito
Ou não fui o amante perfeito,
Crucifica-me.
Pelas noites tão mal dormidas,
Por te arder as novas feridas,
Crucifica-me.
Por me esquecer de enviar flor
Depois de uma noite de amor,
Crucifica-me.
Por te maltratar com ciúme,
Não me deixes são nem impune;
Crucifica-me.
Mas por querer-te assim demais
E por amar-te sempre e tanto,
Tecendo os versos deste canto
Eu te suplico uma vez mais:
Perdoa-me.
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N. do A. – Na ilustração, Brisa Matinal de Pino Daeni (Itália, 1939 - EUA, 2010).