Cântico dos Sentidos
Mil figuras no horizonte desmedido
eretas se perfilam na memória do passado
e de pedras, traições, lamas e guerra
te disseram na raiva do duelo já travado.
Todas contra ou na vontade de ser
como tu destemida ao ferro rude e inteiro
à fome e ao sangue, à sede e ao sexo.
Esquece de vez a febre antiga e vem comigo
a esta doce quietude de Janeiro.
Que a luta seja agora a fartura de vontades
a avidez prenhe dos segredos devassados
e que gemendo a nossa voz entoe
o cântico dos sentidos.
Edgardo Xavier
Sintra, 23 de Agosto de 2013