A MARÉ
O mar curandeiro das falésias
Dose de coragem na carne medica
Ao navegante interno das viagens
Salga e sara feridas abertas.
Cirurgicamente tratada a dor da morte
Enguias trilham fendas sob a pele
E para nunca o esquecimento em vida
A carne exibe a marca rude
Da cura em sua superfície fina.
Para tanta altivez, a dolorosa via
Reabilita veias e ondas poderosas
Erguem aos que em si superam males
Sob a proteção dos mares...
O peito curtido musculoso abriga
O que se fez sentido e traz consigo
O que não se perdeu e o que lhe foi trazido
Na fúria das tempestades
No extravasar passional
Sanguíneo...
Atol entre escamas entranhadas.
Miocárdio compassivo
Pulsa vivo
Sob a maré dos que o amarem.
CRISTIANA MOURA