Felizes Juntos

O quarto sempre comprime as feridas do amor em agonia.

O desvelo, repentinamente, afagou o grito constante

e a carne macerada, compondo um tecido de gestos e ternuras

sempre tão esperados, sempre tão bem sonhados.

O rosto de um é o eco do rosto do outro:

- Duas almas amando o corte das lâminas cegas,

desse amor que persiste e resiste à dor do sofrimento,

sobrepujado pela força da fé que acredita no sentimento

que se vive hoje para o amanhã.

A poeira do que perece antes do nascer,

em cada encontro que tem um fim no quarto do amor,

mas que deixa semeada e regada as raízes profundas

da esperança do convívio e de um próximo encontro.

Todo o segredo deles, sussurrado nas entranhas de uma árvore,

germinou raízes que se fincam profundamente na alegria e na solidão.

Como a foz a dispersar as águas e as ausências,

um vento dissemina os amantes do amor

em campos de lágrima e silêncio.

Mas, em moradas opostas no mundo,

duas faces fitaram os seus avessos,

os estilhaços do mais perfeito dos amores

que se recompõem, se curam e se remontam a cada nova manhã

para, Felizes Juntos, acreditarem na sintonia de um verdadeiro amor.

Carlos D Martins
Enviado por Carlos D Martins em 21/08/2013
Reeditado em 21/08/2013
Código do texto: T4444781
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