Felizes Juntos
O quarto sempre comprime as feridas do amor em agonia.
O desvelo, repentinamente, afagou o grito constante
e a carne macerada, compondo um tecido de gestos e ternuras
sempre tão esperados, sempre tão bem sonhados.
O rosto de um é o eco do rosto do outro:
- Duas almas amando o corte das lâminas cegas,
desse amor que persiste e resiste à dor do sofrimento,
sobrepujado pela força da fé que acredita no sentimento
que se vive hoje para o amanhã.
A poeira do que perece antes do nascer,
em cada encontro que tem um fim no quarto do amor,
mas que deixa semeada e regada as raízes profundas
da esperança do convívio e de um próximo encontro.
Todo o segredo deles, sussurrado nas entranhas de uma árvore,
germinou raízes que se fincam profundamente na alegria e na solidão.
Como a foz a dispersar as águas e as ausências,
um vento dissemina os amantes do amor
em campos de lágrima e silêncio.
Mas, em moradas opostas no mundo,
duas faces fitaram os seus avessos,
os estilhaços do mais perfeito dos amores
que se recompõem, se curam e se remontam a cada nova manhã
para, Felizes Juntos, acreditarem na sintonia de um verdadeiro amor.