“Gozo cruel,ventura escassa,dono do meu e do teu ser,
Amor – chama,e,depois,fumaça...” Manuel Bandeira
Chama e fumaça
Mas o amor pode ser mais
Pode não se resumir aos “ais”
Nem aos pesadelos
Que nos devoram inteiros
A mim e a ti
Numa consumição
Sem sentido
Pois mesmo o amor mais atrevido
Nas sutilezas das carícias
Não pode virar outra coisa
Que não seja o que é bom
O que alimenta o corpo
Sacia o desejo
E nos devolve o sonho
Não pode ser o gozo
Algo cruel
Nem a ventura
De quem ama pode ser escassa
e se tornar algo enfadonho
Amar pode até dar medo
Já que a alegria
A leveza
O coração aquecido do mais puro afeto
São preciosidades raras
E
são de graça
Quando alcançamos o paraíso
Não queremos mais o ranger de dentes
Nem a vida seca
Onde os beijos e afagos
estão ausentes
E depois de se viver
uma ternura imensa
Nos invadindo os dias
As noites
As madrugadas
Nada fará de nosso amor
Algo fugaz e obscuro
Como uma cortina de fumaça
Prepara-te
então,meu carinho,
para um encontro sem culpa
sem peso
sem olhar tristonho
Me chama
que eu vou
mas não me negue
o teu fogo
não permita
que as cinzas nos apaguem
o bem-querer