Desencontro

2)

Desencontro

Guida Linhares

Eu sou aquele que te espera

desde tempos imemoriais.

Vivo neste espaço de estrelas

a te buscar nas esferas celestiais.

Mas agora lendo teu XXI soneto,

consegui finalmente te encontrar.

Procurava-te na via Láctea,

mas agora sei que és do mar.

E será nele que te acharei,

mergulhada nas ondas bailarinas,

banhando teu cálido corpo,

aos beijos do sol que fascinas.

Busco-te minha gêmea alma,

pois de mim tu mesma fugiste,

querias a infinita liberdade

abrindo tuas longas asas, partiste.

Com o coração em frangalhos,

eu te vi partir e não podia jamais

interferir em teu livre arbítrio,

por mais que os sonhos fossem reais.

Por séculos e séculos vaguei sozinho,

com todas as memórias que restaram,

na esperança de que o tempo aproximasse,

as duas metades que se desencontraram.

E agora projetado numa telinha,

vejo teu nome amado brilhando forte,

entre numerosos pontinhos luminosos,

um farol amoroso a me indicar o norte .

Santos/SP

09/04/07

***

Dueto com a minha querida amiga poetisa santista Tere Penhabe.

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1)

Soneto XXI

Tere Penhabe

Dizes o que dizes, só me resta crer em ti

mas hás de compreender, não é assim!

Procuraste-me tanto?... porque fugiste?

Porque me abandonaste à sorte íngreme?

Que ávida, busquei teus olhos na multidão

acalentei na alma, o enigma, a ilusão

indecifrável enigma, é bom que se diga

pois impaciente, devorou-me a esfinge!

E agora vens, cobrar-me o que não tenho

essa coragem, esse cruel desempenho

de espalhar pranto, no rosto de alguém...

Se me amas realmente, deixa-me estar

até o fim, ao lado do meu amante, o mar

feito de lágrimas sim, porém da lua...

Santos, 05.04.2007

www.amoremversoeprosa.com

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Guida Linhares
Enviado por Guida Linhares em 10/04/2007
Reeditado em 10/04/2007
Código do texto: T444257
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