Tempo de amar
O meu amor são cinzas
São brasas perdidas no tempo
O meu falar é brando
E o meu olhar encontra-se só
A minha vida reflete a tua
Tanto que às vezes, procuro por mim
Pois vejo tua alegria em todo meu riso
E o teu sofrimento, nas lágrimas em meu ser
Pois encontro tuas palavras em todo o lugar
E assim, pensando-as minhas, falo sozinho ao vento
Percorrendo pelos bosques
Pelo fogo da saudade
Perseguindo o rútilo negrume que emana
Dentre as sombras da paixão
E a sequidão em minh’alma
Que transborda minhas veias...
Olhei para o tempo e procurei pelas cinzas
E achei em meus olhos uma lágrima tua
Eu era você, o tempo, as flores
E tudo ao meu redor se chamava pelo teu nome
O nome que eu queria esquecer
O nome que esperava olvidar para sempre
E me ocultando, afastei teus passos estelares
Tão lá, tão aqui!
Como o horizonte, o vértice, a chuva
Bem como o louco ansiando o amor
Tu eras o vento e o mar me afogando
Um anjo nas nuvens que me dissera não
Tu eras o soluço de todos os meus sonhos tristes
E a razão de minha timidez
E assim...estando em tudo
No ar e nas rosas
Nos gestos e nas flores
Nos tempos e nas cores
No triste ocaso, no alvorecer
Nas noites frias em que te aconchegava
E até nos beijos que não te dei
Na verdade...
Na verdade tu eras aquela minha garota
Que não era, que não foi, mas que seria
E orientado por esta loucura
Na esperança frágil dessa timidez
Era como se o tempo já fosse passado
E o passado não mais existisse
Mas o tempo eram os meus afetos por ti
Era sentir-me triste
Sem poder contemplar o teu toque
Era este cálice me fazendo criar tal mundo perdido
Não me deixando nem ao menos entender...
Que tu és este amor cinerário
O amor que não veio, que não aconteceu (?)
Mas que abrange meus olhos
Desde o instante em que te vi
Cinzas...Pensamentos...
Toda uma vida em um segundo!
Tudo porque teu olhar doce neste momento cruza o meu
E porque não tenho forças de me aproximar e dizer
O que mais importa...
“Eu amo você!”