Nosso Encontro

Espíritos vão nesse mundo

com todas as suas estórias.

Na busca incansável de glórias,

encontram muitas tristezas

e às vezes até alegrias

cheias de sutilezas,

e quase sempre ironias.

Como num desses dias

em que busquei teu olhar

que não me deu atenção.

Estava na contra-mão

do teu interesse, eu supus.

Depois surgiu uma luz

e teu olhar me buscou.

Buscava eu também algo mais

da vida – eu tanto pedi.

Um suspiro, uma contemplação,

aquilo que não arguí;

um sonho de pura invenção,

um rosto na multidão

que achasse sua busca em mim.

E que me aceitasse assim,

dali do meio da calçada,

e ainda que desconfiada

pudesse entrar no meu carro,

pensando que logo em seguida

quisessem as almas fugir

de novo pró seu descaminho.

Na busca de um novo suspiro,

de alguma contemplação,

de mais de dois dias de “não”,

que o “sim” custa muito a chegar.

Como o que vi no tocar

da tua boca na minha

na brisa ao lado do mar.

A mais profunda expressão

de um sentimento vivido,

eu vi que se tinha exaurido

a minha perseguição

quando me vi com o que é bom,

quando me vi com a glória

de ter um dia de “sim”.

Dizia isso a mim

nas vezes em que tomei

na minha a tua mão ardente.

Teu rosto de olhar envolvente,

as sobrancelhas espessas,

mostrava que longe se ia

a inquietação que havia.

Estavas agora serena,

sem pressa da confirmação

de que outro dia haveria

com toda a excitação

de tê-la de novo em meus braços,

de ter esse abraço macio

e esse sabor de paixão.

Rio, 18/08/2005