TEMPOS DO VERBO AMAR
Eu te amava lá onde éramos desconhecidos
Um projeto encravado no pretérito imperfeito
Eu te amara já em vidas perdidas
Nestas em que tu, mais-que-perfeita, acredita
Eu te amei quando te vi concreta
Na solitude de um corpo a ser amado
Eu te amo agora com todos os meus átomos
No tempo presente em que és tão sólida
Eu te amarei com a imensidão de um ônibus
Nele embarcaremos na tarde prudente
Eu te amaria mais se eu pudesse
Porém seria Deus, o que eu não posso
E se estamos subordinados ao nosso amor
Que eu te ame agora sobre o frio chão
Dentro da fria escuridão que nos circunda
Como se eu te amasse desde sempre
Com um amor vindo do fundo do passado
E quando eu te amar mais adiante
Sejamos radiantes como o sol da tarde
O amor junta dois rios num mesmo flúmen
Contudo, no imperativo, o eu é nulo
Impossível é mandar alguém parar o mar
Então me ama tu, ou não me ames mais
A fim de que eu não sofra de ilusão
Nas formas nominais dar-te-ei primeiro
A substância amar, para, no gerúndio
Da vida, passar te amando e depois,
No particípio da morte, na lápide estar escrito
Que ali jaz um ser amado. E que o amor é sorte
Enviado por Jimii em 28/04/2009