Saudade
Saudade, sinônimo de melancolia;
Causa-nos dor, devaneios, acabrunha;
Dói o peito, inflama a juventude e
o carmim das rosas camufladas,
Que murcham nos jardins desoladas,
Com sede, morrendo por falta d'água!
Palavra triste que lembra distância.
Nos remete ao longe, ao que se foi.
Nos aproxima da esperança que realça,
O brilho dos olhos e os alaridos do coração.
Que bate descompassado e cansado,
Esperando o sim e temendo o não.
Saudade da infância, da escola, da merenda...
Da professora, do cheiro da chuva, da turma...
Da praia e da areia que fazíamos castelos,
repletos de sonhos e de grãos desertos,
que se espalhavam com o sôpro do vento
e se misturavam aos contornos das marés.
Saudade da árvore que eu subia para catar goiaba.
Daquela enorme em meu quintal cheia de manga espada.
Da comidinha da mamãe, das roupas que costurava...
Do cheiro de café que vinha da cozinha ao amanhecer;
Da fumaça do pão quente e da manteiga que derretia;
Da terra que cresci e dos valores que tive que aprender.
Ah! saudade do meu amor, o primeiro, o verdadeiro.
Saudade do beijo atrapalhado que nunca se encaixava.
Das cartinhas que escrevia, que nunca entregava;
Dos olhares que cruzávamos, das mãos que segurava;
Das missas que assistia, da comunhão, da hóstia sagrada.
Saudade das brincadeiras de roda, do pique-se-esconde;
Do jogo de amarelinha, dos pulos que não podiam pisar na linha.
Das brincadeiras de passar o anel, dos jogos de bandeirinha...
Das quadrilhas, das festas juninas, ANAVANTUR!ANARRIÊ!
OLHA O TÚNEL que já vem o carrossel! Vamos em carreirinha!
Dos casamentos da roça, do padre maluco, da noiva dengosa;
Do noivo sem dentes, com barbicha e chapéu de palha;
Do "Mais preto" (1) que dançava com a perna torta, muito engraçado.
Nos fazia feliz, aquele menino traquina, bobo e muito atrapalhado.
Ficou tudo pra trás, na caixinha que guarda lembranças do passado.
Dos moleques que se abarroavam correndo atrás das coloridas pipas;
Que vinham do céu e caiam sobre a terra, a esmo, num lugar qualquer.
As meninas torciam para o seu menino preferido, o sagaz, o mais bonito.
Esperando que eles pegassem o troféu e, repletos de sorrisos,
Entregassem a menina que os fazia correr para o lúdico mundo infinito.
Saudade, sinônimo de incompletude e do insípido suspiro doído...
Ligando-nos a sentimentos de privações de tudo que nos faz bem.
Afasta-nos de muitas coisas, de muitas pessoas, dos sonhos...
Me pego com saudade dos sonhos, da vida, das pessoas também.
Minhas mãos não mais alcançam, tudo está pra lá de além.
Mas sonhos não se acabam, senão a esperança pode morrer!
Quero acreditar na vida, no ser humano, nas várias mudanças!
E que tudo que perdi conseguirei resgatar com fé e liberdade.
Tal aquela criança de olhos fincados no horizonte, vezes vazio.
Hoje, já mulher, luta com um coração no compasso da saudade.
Enquanto houver saudade, há vida...
(1) "Mais preto" era o apelido de um menino bem pretinho, muito bonito, traquina demais. Ele dançava quadrilha com as pernas tortas e eu o adorava. Ríamos dele no Arraiá do Póca-Póca, a quadrilha que dancei quando tinha seis anos. Confesso que não sei o nome verdadeiro do "Mais Preto"...Não lembro! Só sei que ele marcou minha infância e está presente em minha saudade.
Saudade, sinônimo de melancolia;
Causa-nos dor, devaneios, acabrunha;
Dói o peito, inflama a juventude e
o carmim das rosas camufladas,
Que murcham nos jardins desoladas,
Com sede, morrendo por falta d'água!
Palavra triste que lembra distância.
Nos remete ao longe, ao que se foi.
Nos aproxima da esperança que realça,
O brilho dos olhos e os alaridos do coração.
Que bate descompassado e cansado,
Esperando o sim e temendo o não.
Saudade da infância, da escola, da merenda...
Da professora, do cheiro da chuva, da turma...
Da praia e da areia que fazíamos castelos,
repletos de sonhos e de grãos desertos,
que se espalhavam com o sôpro do vento
e se misturavam aos contornos das marés.
Saudade da árvore que eu subia para catar goiaba.
Daquela enorme em meu quintal cheia de manga espada.
Da comidinha da mamãe, das roupas que costurava...
Do cheiro de café que vinha da cozinha ao amanhecer;
Da fumaça do pão quente e da manteiga que derretia;
Da terra que cresci e dos valores que tive que aprender.
Ah! saudade do meu amor, o primeiro, o verdadeiro.
Saudade do beijo atrapalhado que nunca se encaixava.
Das cartinhas que escrevia, que nunca entregava;
Dos olhares que cruzávamos, das mãos que segurava;
Das missas que assistia, da comunhão, da hóstia sagrada.
Saudade das brincadeiras de roda, do pique-se-esconde;
Do jogo de amarelinha, dos pulos que não podiam pisar na linha.
Das brincadeiras de passar o anel, dos jogos de bandeirinha...
Das quadrilhas, das festas juninas, ANAVANTUR!ANARRIÊ!
OLHA O TÚNEL que já vem o carrossel! Vamos em carreirinha!
Dos casamentos da roça, do padre maluco, da noiva dengosa;
Do noivo sem dentes, com barbicha e chapéu de palha;
Do "Mais preto" (1) que dançava com a perna torta, muito engraçado.
Nos fazia feliz, aquele menino traquina, bobo e muito atrapalhado.
Ficou tudo pra trás, na caixinha que guarda lembranças do passado.
Dos moleques que se abarroavam correndo atrás das coloridas pipas;
Que vinham do céu e caiam sobre a terra, a esmo, num lugar qualquer.
As meninas torciam para o seu menino preferido, o sagaz, o mais bonito.
Esperando que eles pegassem o troféu e, repletos de sorrisos,
Entregassem a menina que os fazia correr para o lúdico mundo infinito.
Saudade, sinônimo de incompletude e do insípido suspiro doído...
Ligando-nos a sentimentos de privações de tudo que nos faz bem.
Afasta-nos de muitas coisas, de muitas pessoas, dos sonhos...
Me pego com saudade dos sonhos, da vida, das pessoas também.
Minhas mãos não mais alcançam, tudo está pra lá de além.
Mas sonhos não se acabam, senão a esperança pode morrer!
Quero acreditar na vida, no ser humano, nas várias mudanças!
E que tudo que perdi conseguirei resgatar com fé e liberdade.
Tal aquela criança de olhos fincados no horizonte, vezes vazio.
Hoje, já mulher, luta com um coração no compasso da saudade.
Enquanto houver saudade, há vida...
(1) "Mais preto" era o apelido de um menino bem pretinho, muito bonito, traquina demais. Ele dançava quadrilha com as pernas tortas e eu o adorava. Ríamos dele no Arraiá do Póca-Póca, a quadrilha que dancei quando tinha seis anos. Confesso que não sei o nome verdadeiro do "Mais Preto"...Não lembro! Só sei que ele marcou minha infância e está presente em minha saudade.