LÁGRIMAS

A Ti, a Alguém ao Amor, ao Futuro

LÁGRIMAS

Que se perdem na chuva como um momento

Lágrimas

Que lavam mas não levam de mim o sofrimento

Lágrimas

De amores futuros, passados e presentes

Lágrimas

Que caem numa cadência ardente

Lágrimas

Cristalinas de fim de curso

Lágrimas

Que se dissolvem nas capas negras de quem não consegue ver bem o seu futuro

Lágrimas

Da mais pura e louvável criação

Lágrimas

Que deito

Enquanto se fere cicatriza, e outra vez fere o coração

Lágrimas

De uma música que não consigo deixar de ouvir

Lágrimas

Que me lembram a ti e a um destino por onde eu devia ir

Lágrimas

Da mais pura emoção cada vez que sinto estar a escrever aquele grande Poema

Aquele pelo qual esperas-te e que julgas que a espera valeu a pena

Lágrimas

Portentosamente reais

De um sentimento que tento lavar com o sabão da alma, mas que parece que não sai

Não que seja nódoa

Porque amar

É algo de louvar

É antes um estorvo em mim, porque assim nem comigo consigo estar

Pois essas lágrimas

Que caem no chão

Formam pequenos espelhos nos quais me vejo e não gosto da visão

Ganhando contudo alento para os tempos que ai virão

E embora estas

Lágrimas

Sejam para Ti

São também para mim

Para o meu reerguer das cinzas onde arde outra paixão

Lágrimas que me dão coragem

Para enfrentar, vencer, ou simplesmente me aliar à Imensidão

Por isso não são rosas que brotam do meu colo

Que derramo à minha volta em vez de mágoas

Porque estou sempre a construir o milagre dum futuro que segue o outro

E as

Lágrimas

Não passam disso, dum imenso sentir, mas também de águas passadas…

Lágrimas…