Livre da dor
Quem será de fato meu carrasco
Aquele que fere minha pela com chibatadas
Ou quem faz agonizar minh’alma com palavras?
Será mesmo alguém que eu possa ver
Ou que se esconde por de trás do sofrer
Usando a máscara do amor para camuflar o que o olhar esboça?
Virá tal criatura enrolada no tempo
Pra sugar-me as passadas, abrir ferimento
Ou sou eu quem a cria para meu próprio contentamento?
Quem será de fato meu carrasco
Se não eu mesma traindo meus princípios com pudores que nem tenho
Por paixões às quais não anseio e fobias às quais botei arreio?
De quem serei escrava agora se mandei os fantasmas embora
Se tranquei a solidão bem longe, lá fora?
O que farei livre das correntes que perpetuavam meus medos
Imbuídos nas mágoas de que nem me lembro agora?