O ciclo da vida
Da janela vi o verde que mudava de nuança
E o negro rubro da laranja amadurecer
Diziam adeus às folhas agonizando a vida
No quintal as vi de mil gradações caídas.
Balançando desamparados dois ou três ninhos
De pássaros que sobre os telhados cantarolavam
Fastidiosa a chuva miudinha e triste caia
Dizendo para gente que o Outono chegaria.
Noto aves aquáticas sob as águas, a mim não importa!
Que gostariam de ir aos países onde houvesse verão agora
Para desviarem-se do tempo frio, retornar à Primavera
Quando a uva é pisoteada, o vinho ardente
Guardado em conserva para a gente beber
A alegria das abelhas já não mais existia
Já não mais conseguiam voar as borboletas
A vida moleca do verão eu não podia mais ver
Renasceu, porém, o regozijo doutro amanhecer.
Mas o branco da nevasca ainda tinha seu indulto
As crianças passando se podia ouvir os gritos,
A seguir no topo do branco algodão, sem agito,
Podiam vê-las de alegria no solo a rolar
Ainda placas dos automóveis a chocarem-se
Dos que ainda não sabem dirigir ou guiar.
Depois na oficina ouvi o réu a reclamar
Do conserto, sob pena da Lei, ter que pagar
Olhei, e, de repente notei que era o ciclo da vida
Cada um em seu lugar inclusive o de viver
Quem isto não tinha ou está extinto
Ou preparando-se para depois morrer.