O ciclo da vida

Da janela vi o verde que mudava de nuança

E o negro rubro da laranja amadurecer

Diziam adeus às folhas agonizando a vida

No quintal as vi de mil gradações caídas.

Balançando desamparados dois ou três ninhos

De pássaros que sobre os telhados cantarolavam

Fastidiosa a chuva miudinha e triste caia

Dizendo para gente que o Outono chegaria.

Noto aves aquáticas sob as águas, a mim não importa!

Que gostariam de ir aos países onde houvesse verão agora

Para desviarem-se do tempo frio, retornar à Primavera

Quando a uva é pisoteada, o vinho ardente

Guardado em conserva para a gente beber

A alegria das abelhas já não mais existia

Já não mais conseguiam voar as borboletas

A vida moleca do verão eu não podia mais ver

Renasceu, porém, o regozijo doutro amanhecer.

Mas o branco da nevasca ainda tinha seu indulto

As crianças passando se podia ouvir os gritos,

A seguir no topo do branco algodão, sem agito,

Podiam vê-las de alegria no solo a rolar

Ainda placas dos automóveis a chocarem-se

Dos que ainda não sabem dirigir ou guiar.

Depois na oficina ouvi o réu a reclamar

Do conserto, sob pena da Lei, ter que pagar

Olhei, e, de repente notei que era o ciclo da vida

Cada um em seu lugar inclusive o de viver

Quem isto não tinha ou está extinto

Ou preparando-se para depois morrer.

R J Cardoso
Enviado por R J Cardoso em 09/04/2007
Reeditado em 13/04/2007
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