O Poeta e a Madrugada.

A luz concebe o espanto

e em silencio some.

A noite desce ao palco o breve manto,

Madrugada!

És tu que destila da brisa,

a poesia que nasce e

finda ao calor da luz que ao dia virá.

Madrugada!

Como encantar-te,

se tu é a sábia,

a louca feiticeira das manhãs?

Madrugada!

Como enredar-te,

se és tu a meretriz consagrada,

divina cortesã.

Bela amante da volúpia temporã.

És musa sem critérios...

Pátria, berço do adultério...

Madrugada!

Belveder de poetas e divãs,

que de ti fazem nascer e morrer o

amor mais consagrado

e a paixão despudorada,

Neste Santo advento,

Desamparado ao relento...

Oh!

Como por ti e em ti pereço?

Sobrevivo e permaneço

me embriago e me despeço

Antes que em ti

adormeça o breu.

Oh, volúvel madrugada!

que morres de inveja

do amor que predestinas...

numa vida e sina pobre

e tão deliciosamente

Madrugada.

Marisa Rosa Cabral.

Out. 2005.

Marisa Rosa
Enviado por Marisa Rosa em 09/04/2007
Reeditado em 01/06/2007
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