AINDA QUE SEJA PINTADA
Eu vou morar em novo lugar,
Só para fugir de ti,
longe do teu sorriso,
Sem você na minha estrada.
E por quê?
Negando tanto querer à amada.
E saber que você por aqui não está,
E eu tão sozinho em meio ao vazio,
Que parece tão frio, tão sombrio.
Cada braço de estrada me cala,
É que penso que é assim me acalmo,
No que vago, no que sigo, é uma farra,
Mas que vazio...Tudo é quimera,
Se vou ficar à espreita a tua espera,
Vale a pena te ver só no pensar?
Vale a pena te ver pintada?
Em meu cérebro demente de amor?
E se o amor tem ferramentas,
pra articular pra dizer:
Que é tão bom amar.
Os artefatos do amor...
Estão pegando em meio a tudo,
Transbordando, inundando...
Deixando só uma direção,
Quase maluquice, obsessão.
Doce, amarga, ansiosa,
É o preço da aventura.
Não sei porque tremo a esta mistura,
Então melhor seguir fugindo,
Pra não ter a dor de não te ter.
Só a estrada me acalma,
E ter você somente pintada,
No meu cérebro pobre e demente,
Pois vou cuidar só externamente,
Alisar os cabelos, passando um pente.
Deixar pra lá os artefatos do amor,
Porque somente pela loucura,
Fico melhor a imaginar...
Seria uma grande mistura...
Ainda assim quero você na minha estrada,
Pois sei que mesmo só pintada,
És uma imensidão que me separa do nada.