AINDA QUE SEJA PINTADA

Eu vou morar em novo lugar,

Só para fugir de ti,

longe do teu sorriso,

Sem você na minha estrada.

E por quê?

Negando tanto querer à amada.

E saber que você por aqui não está,

E eu tão sozinho em meio ao vazio,

Que parece tão frio, tão sombrio.

Cada braço de estrada me cala,

É que penso que é assim me acalmo,

No que vago, no que sigo, é uma farra,

Mas que vazio...Tudo é quimera,

Se vou ficar à espreita a tua espera,

Vale a pena te ver só no pensar?

Vale a pena te ver pintada?

Em meu cérebro demente de amor?

E se o amor tem ferramentas,

pra articular pra dizer:

Que é tão bom amar.

Os artefatos do amor...

Estão pegando em meio a tudo,

Transbordando, inundando...

Deixando só uma direção,

Quase maluquice, obsessão.

Doce, amarga, ansiosa,

É o preço da aventura.

Não sei porque tremo a esta mistura,

Então melhor seguir fugindo,

Pra não ter a dor de não te ter.

Só a estrada me acalma,

E ter você somente pintada,

No meu cérebro pobre e demente,

Pois vou cuidar só externamente,

Alisar os cabelos, passando um pente.

Deixar pra lá os artefatos do amor,

Porque somente pela loucura,

Fico melhor a imaginar...

Seria uma grande mistura...

Ainda assim quero você na minha estrada,

Pois sei que mesmo só pintada,

És uma imensidão que me separa do nada.

Omar Botelho
Enviado por Omar Botelho em 10/08/2013
Reeditado em 31/03/2015
Código do texto: T4427957
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