COLHEITA
(Sócrates Di Lima)
Das vinhas bebeste-me,
Em tragos de benevolência,
Com lábios de mel, soboreaste-me,
Amor em abundância.
Vós que sois minha amada,
Em cântaros derrama-me o amor,
Balsamos e sândalos em alma perfumada,
Banhaste-me em flor.
Lavaste-me os pés da lama,
Por onde pisei sem olhar,
E nos olhos famintos dizes que me ama,
E eu te sublimo no meu amar.
oh! Mulher das minhas viagens,
Em sonhos de intensa profundidade,
Nossos corpos em miragens,
Vejo ao longe em cumplicidade.
Colheste de mim o mais doce fruto,
Em carne suculenta de aromas doces,
E desse fruto saboroso desfruto,
Nos pomares da alma como nunca dantes fostes.
Colheste em mim saudáveis trigais,
Como quem colhe com os lábios límpidos mananciais,
Como quem colhe os luares em cristais,
Nossa colheita é amor abundante, cada dia mais.