POETA NÃO MORRE
Por onde andam meus versos de amor?
Quem calou a boca do poeta romântico que fui um dia?
Olho para a folha em branco do meu caderno de rascunho,
E um mundo enorme, pesado, negro, vazio, silencioso,...
Cai sobre mim, esmagando lembranças, esperanças,...!
Então, fico ali com meu caderno de rascunho na mão,
Qual um zumbi, uma múmia: sem olhos de ver,
Sem coração de sentir, sem cérebro de pensar!
Como um autômato, largo caderno e caneta,
E o vazio e o silêncio vêm me fazer companhia,
E com suas gélidas mãos vazias e frias
Encostam minha cabeça no travesseiro,
E, enquanto velam por mim,
Entorpeço num sono sem fim!
Mas poeta não morre nem de amor nem de porre,
E quando acorda, esconde no travesseiro
Idéias para um poema sobre a vida que corre!