Ninguém me Abraça...
Feito uma borboleta
Sou a moça que não pisa nos canteiros da praça
Para que minha mente nunca esqueça
Que a vida sem educação não tem graça
Vejo ali um idoso jogado num canto qualquer
Em contraponto comigo
Ainda desabrochando na minha exuberância de mulher
É só um velhinho maltrapilho que me estende a mão
Mas eu sei...
Que não temos na vida somente fome de pão
Será que ele deseja um agasalho nesse frio?
Ou apenas quer ...
Segurar a mão de uma moça de coração vazio
As pessoas precisam de pressa na cidade
Sei o quanto é difícil poetizar a realidade
Claro que de um desconhecido sinto medo
E no primeiro momento me nego a estender a mão
Mas viver não requer segredo
Basta olhar o outro como nosso legítimo irmão
Essa história de que Deus esta no céu
Não me satisfaz
Quem estende a mão ali para Raquel
Pode ser Jesus tentando ajudar a moça de Batatais
Eu posso me levantar e apertar o passo
Mas também posso dar um lindo sorriso
E doar o calor do meu abraço
Mas limito-me apenas a estender a minha mão
Sou imperfeita demais
Para colar ao peito de um desconhecido o meu coração
Mesmo assim ele me sorri em agradecimento
Porque meu olhar reflete o meu sentimento
E ali naquela bonita praça
Eu confesso a ele
Ninguém também me abraça...