A CILIBRINA
Foi quando a noite desceu
que entendi o encanto da prata,
e o porquê dos meus olhos vibrarem
escalas do piano que afina os pássaros,
se você existe o deserto é dos sonhos
apenas a narrativa recorrente,
e o muito em frente a ilusão de que é o seu amor
colhido por mim sem entrementes,
pois o que além da rua fria
e da chave torta do baú
que nunca se permite aberto,
é a canção descompassada de quem sabe
o coração é o teatro de bonecos
de um sentimento que não obedece recado,
quando apenas a saudade acompanha a queda
dia após dia o peregrino sangra o pé
no vidro em caco de um chão em tudo áspero
de tão estendido na palidez da lembrança
Aonde a mulher mais que fonte e inspiração
é necessidade de céu pleno,
você tira do ventre a manhã banhada no sexo
que faz da feminilidade a vertigem floral
da redenção serena,
quando a cilibrina toca o violão sobre a pedra lavada
dos orgasmos safados,
e os sapos testemunham acontecimentos
contados pelas gerações da pura verdade
que a sua cavidade mela em cada flor
a magia de mulher que é o pomar do ofertório tenro