MATINAL
(Sócrates Di Lima)
Úbere a minha vontade,
Que fez-me mergulhar em amona,
Solerte minha alma ousa na saudade,
Buscar o abraço de minha dona.
E ao abrir a minha janela,
Nesta manhã de todo dia,
Sinto-me abraçado por ela,
Nesta saudade de poesia.
E voluntariamente volvo minha face ao afago,
Das mãos em brisa que a manhã traz,
Como que em goles a saudade trago,
E meu coração carente dela se faz.
Fecho os olhos por um instante,
E meu peito aperta nestas saudades,
Uma vontade extenuante,
Lamenta a distância das cidades.
Ouço a sua voz acordante,
Ainda, sonolenta,
E meu peito ofegante,
Mais de vontade, aumenta.
Quisera ter asas para voar,
Salta desta janela...
E neste tom matinal voo levantar,
E pousar nos braços dela.
Abraçá-la igual ao primeiro ou último abraço,
Aquele que tira o fôlego final,
Profundamente fitá-la neste laço,
E insamente entregarmos ao nosso amor matinal.
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(Úbere = fecundo)
(Amona = efêmero mergulho de cabeça)
(Solerte = astuto, sagar, que tem sabedoria)